Prezado usuário, este portal não é compatível com o navegador Internet Explorer ou outros navegadores antigos.

Recomenda-se o uso de versões atualizadas dos navegadores Google Chrome, Microsoft Edge ou Mozilla Firefox.

Imprensa

Brasil enfrenta desafios para alcançar igualdade de gênero em cargos de liderança no setor público

Fiscalização do TCU revela que a participação feminina em posições de liderança não é igualitária e destaca necessidade de fortalecer políticas de equidade
Por Secom TCU
28/03/2025

Categorias

  • Rede Integrar
  • Direitos da Cidadania

RESUMO  

  • Auditoria realizada pelo TCU avaliou a participação das mulheres e a igualdade de oportunidades em cargos de liderança.
  • O trabalho destacou a necessidade de fortalecer as políticas de igualdade de gênero.
  • “A existência de barreiras invisíveis, mas reais, impedem a ascensão de mulheres a posições de liderança e decisão, apesar de suas qualificações e competência”, afirma o ministro Aroldo Cedraz.  

 Fiscalização realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) avaliou a Meta 5.5 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS-5), que busca promover a igualdade de gênero, com foco na ocupação de cargos de liderança no Poder Executivo Federal, considerando gênero e raça. 

Sob a relatoria do ministro Aroldo Cedraz, o trabalho teve como objetivo identificar as iniciativas existentes para cumprir a Meta 5.5 do ODS-5 e as barreiras que impedem a igualdade de gênero na Administração Pública Federal. A auditoria foi motivada pela constatação de que o Brasil ainda não atingiu uma representação equitativa de mulheres em posições de liderança pública.

O trabalho foi conduzido pelo Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM/SP), com a participação de diversos Tribunais de Contas estaduais, além do TCU. A ação integra o Plano Anual de Trabalho (PAT) de 2024 da Rede Integrar.

Os dados indicam que o Brasil está na 133ª posição global em representação feminina na política, sendo o último entre os países da América Latina. No Congresso Nacional, as mulheres representam menos de 20% dos parlamentares, enquanto nos cargos executivos municipais e estaduais a ocupação feminina é de 12% e 7,4%, respectivamente. Esses números mostram a desigualdade de gênero no país.

“As principais constatações deste trabalho esclarecem que há esforços pontuais e avanços ainda incipientes na institucionalização de práticas voltadas a incentivar e promover a participação feminina nos cargos de alta liderança da administração pública federal, que continua marcadamente desigual em termos de ocupação, se comparado à proporção de homens. Isso reforça a existência de barreiras invisíveis, mas reais, que impedem a ascensão de mulheres a posições de liderança e decisão, apesar de suas qualificações e competências”, destacou o ministro Aroldo Cedraz.

O relatório de fiscalização apontou que, apesar do percentual de servidoras do sexo feminino ter aumentado entre 2008 e 2024, a ocupação feminina em cargos de alta liderança caiu de 44,2% para 41,5%, com uma presença menor em cargos de natureza especial.

A análise também mostrou que mulheres negras enfrentam barreiras adicionais, resultando em uma sub-representação nos cargos de alta liderança. Em cargos de DAS-6, por exemplo, 3,3% são ocupados por mulheres negras, comparado a 70,9% por homens brancos.

Segundo o relatório, diversos estudos apontam fatores que contribuem para essa sub-representação, incluindo estereótipos de gênero, preconceitos, disparidades salariais, tripla jornada de trabalho e maior impacto das responsabilidades familiares sobre as mulheres. 

“Os dados reforçam a necessidade de ações direcionadas para superar as barreiras estruturais e culturais que ainda restringem a ascensão feminina em posições de liderança na esfera pública, inclusive aquelas de mais alto escalão”, reforçou o relator.

O trabalho revelou que as políticas e práticas para promover a ascensão feminina em cargos de liderança na Administração Pública Federal ainda são imaturas. Muitos órgãos necessitam de programas de capacitação e estruturas formais para promover a igualdade de gênero, e as iniciativas existentes para equilibrar a distribuição de gênero em cargos de chefia são, em grande parte, iniciais e fragmentadas.

Decisões do TCU

Para avançar na igualdade de gênero, o relatório sugere que o Poder Executivo Federal adote políticas claras e programas de capacitação para desenvolver habilidades de liderança entre as mulheres. A sub-representação feminina em cargos de alta liderança afeta a qualidade dos processos decisórios, limitando a inclusão de perspectivas diversas na formulação de políticas públicas.

O Tribunal propôs que as análises e conclusões do relatório sejam compartilhadas com os órgãos e entidades envolvidos, como subsídio para fortalecer políticas públicas voltadas para a igualdade de gênero. O compromisso contínuo para reduzir desigualdades históricas é necessário para garantir que mulheres tenham oportunidades iguais de liderar nos espaços de poder, especialmente em cargos de alta liderança, assegurando que seja atingida a Meta 5.5 do ODS-5.

O TCU e a igualdade de gênero

O Tribunal de Contas da União (TCU) tem implementado diversas medidas para aumentar a presença de mulheres em cargos de alta liderança, especialmente a partir de 2021. Uma das principais iniciativas foi a portaria que estabelece diretrizes para que as funções de liderança reflitam a proporcionalidade de gênero, com o Comitê Técnico de Equidade, Diversidade e Inclusão (CTEDI) responsável pelo monitoramento dessa ocupação. 

Além disso, o Tribunal lançou o "Programa de Intercâmbio em Controle e Gestão Pública (ProInter-TCU): Mulheres na Liderança", promovendo a troca de experiências entre líderes femininas de diferentes países. A Corte também se comprometeu com a Política de Igualdade de Gênero e Não Discriminação da Organização Latino-Americana e do Caribe de Instituições Superiores de Controle (Olacefs), revisando normas internas para garantir a paridade de gênero. 

Em 2023, foi criada a Diretoria de Políticas de Equidade e Direitos Humanos, e, em 2024, uma estratégia para incorporar a equidade de gênero nas fiscalizações. O TCU também aderiu ao Selo de Igualdade de Gênero do PNUD, reforçando seu compromisso com a promoção da igualdade de gênero.
 

_____________________________________________

SERVIÇO

Leia a íntegra da decisão: Acórdão 635/2025 – Plenário

Processo: TC 017.461/2024-3

Sessão: 26/3/2025

Secom – MM/pc

Atendimento à imprensa - e-mail: imprensa@tcu.gov.br

Atendimento ao cidadão - e-mail: ouvidoria@tcu.gov.br

Acompanhe o TCU pelo Twitter e pelo Facebook. Para reclamações sobre uso irregular de recursos públicos federais, entre em contato com a Ouvidoria do TCU, clique aqui ou ligue para 0800-6442300